Eu estava deitada no meu
sofá, naquele aparamento tão escuro, mas tão confortável ao mesmo tempo.
Suspirei, fitando a TV – completamente sem interesse no filme de terror que
passava -, recostada no ombro de Georg, que quase tinha um ataque do coração
quando o monstro dava um susto. Como eu não estava prestando muita atenção no
contexto, eu só ria das suas caretas. Ele já tinha derrubado pipoca em mim umas
duas vezes. Eu só não brigava com ele por que era meu melhor amigo.
– Vai Ge, me dá um pouco
de pipoca antes que você jogue tudo no chão. – eu disse, olhando para a TV, e
esticando o braço, tateando pelas suas pernas, onde deveria estar a vasilha.
– Hum, Ruby? Isso não é a
vasilha. – Georg disse, e eu olhei para seu rosto. Mesmo com o quarto
completamente escuro – tirando a luz da TV – percebi que ele estava meio
corado. Olhei para baixo eu mesma, e corei violentamente.
Oh, fuck. Isso de verdade
não é a vasilha. Pensei, enquanto tirava minha mão rapidamente do meio de suas
pernas.
– D-desculpa! – gaguejei
nervosamente, e Georg assentiu, baixando a cabeça, enquanto ria acanhado.
Peguei a vasilha – dessa vez olhando – que estava na sua perna direita, longe
de mim. Abocanhei um bocado e mastiguei, ainda sentindo o rosto quente.
Esse tipo de coisa sempre
acontece conosco. Refleti ainda distraída do filme, lembrando-se das vezes que
esses momentos tensos aconteciam. E não eram poucas às vezes, de verdade.
Sorri. Do jeito que eu era pervertida, eu poderia continuar com aquilo para
sempre. Mas Georg já tinha dona.
– O que foi? – Georg
perguntou, vendo meu sorriso. Balancei a cabeça em negativa. Apontei para a TV,
onde uma menina estava sendo esquartejada.
– Hum, é engraçado como
eles fazem parecer real. É como se eles tivessem um psicopata na equipe de
direção que explica detalhadamente como isso é feito. – eu disse, e lá ia eu
com minhas divagações loucas. Mas pelo menos Georg riu.
– Você é só um pouquinho
louca, sabia? – ele disse, passando a mão pelos cabelos castanhos perfeitamente
lisos enquanto sorria.
– Mas é por isso que você
me ama. – eu disse, fazendo uma carinha de criança para ele. Ele gargalhou
novamente, abraçando minha cabeça e dando um beijo na minha testa. Eu fiquei
imaginando que a namorada dele ia ter um ataque se nos visse naquele momento.
Mas bom, para Georg era completamente normal, já que ele me considerava sua
irmãzinha perdida.
E bom, isso não é de todo
mal, tendo em mente os privilégios que eu tenho.
Pensei, enquanto tinha minha cabeça esmagada pelos braços musculosos do garoto.
Eu sabia que era errado perverter tanto ele, sabendo que eu era uma das pessoas
que ele mais confiava, mas eu simplesmente não conseguia evitar. Se você tivesse um amigo assim,
você também o perverteria tanto quanto eu.
– Mas você não tem medo
disso? – ele me perguntou, depois de uns minutos, quando seu acesso de carinho
passou. Agora eu estava recostada em seu peito, e ele mantinha o braço sobre o
meu esquerdo. Teve de apertá-lo um pouco para que eu entendesse que ele tinha
falado comigo. Olhei para cima, fitando seus olhos verdes intensos.
– Qual foi a pergunta? –
eu disse, sem querer me perdendo no seu olhar. Impossível não. Aliás, que sorte maldita tem a
namorada desse garoto.
– Tá surda, Red?
Perguntei se você tinha medo. – Georg disse, sorrindo e puxando um de meus
cachos. Dei a língua para ele.
– Idiota. E não, não
tenho medo desse filme. Pelo menos não tanto quanto você tem. – eu disse,
sorrindo debochada. Georg levantou uma sobrancelha para mim.
– Você não tem medo de
nada? – perguntou novamente, me pegando um pouco de surpresa. Será possível que
ele ia filosofar comigo agora? Balancei a cabeça em negativa.
– Não que eu me lembre
agora. Já você, eu nem pergunto. – eu disse, ainda brincando. Ele rolou os
olhos, voltando a olhar o filme.
Continuei a encará-lo pelos dez segundos
seguintes. Depois suspirei, virando o rosto para a tela. A garota esquartejada
tinha sido encontrada pelos amigos, e agora eles iriam ser atacados.
– Bom, acho que meu único
medo é perder a pessoa que eu amo. – eu disse, num impulso. Me arrependi no
momento seguinte, não sabia como aquilo tinha saído da minha cabeça. Georg me
olhou rapidamente.
– Obrigada. – ele disse,
e eu arqueei uma sobrancelha para ele. Depois eu entendi o motivo do
agradecimento. Pois
é, eu sou lenta assim mesmo.
– Hey! O que te faz
pensar que é você? – eu disse, batendo em seu peito de leve, me distanciando
dele. Georg deu uma risada baixa, daquelas que fazem suas próprias cordas
vocais tremerem.
– E quem mais seria? Me
diz! – ele desafiou, e eu cruzei os braços sob o peito, olhando para o lado.
Não ia admitir que ele estava certo, por nada. Isso seria confessar que eu o amo mais do que
necessário. E ele não precisa saber disso, nem agora nem nunca.
Pensei. É, essa era a minha história de amor recolhido. Eu o amo, mas ele é meu
melhor amigo e tem dona. Continuo amando-o, mas não o deixo saber até que
chegue o dia da minha morte.
– Me obrigue. – desafiei.
Georg se inclinou mais
perto do meu rosto, com aquele sorrisinho de criança, que tinha pegado de mim.
Mas tinha aperfeiçoado de uma maneira irritantemente funcional.
– Vai, me diz? Quem é a
pessoa que você mais ama? – ele continuou insistindo, e eu fiquei cogitando
entre dar um soco nele, dizer qualquer uma outra pessoa, ou beijá-lo. Sim, tinha essa última opção,
por que a carne é fraca. Inflei as bochechas. Se era para agir
feito criança, então vamos fazer isso direito.
Mas aí ele deu um beijo
da minha bochecha, murchando-a ruidosamente. E, por mais que eu estivesse
chocada e corada com seu movimento inesperado – claro, por que quando ele fazia
isso, eu me preparava psicologicamente para aquilo -, eu comecei a rir
descontroladamente. O mesmo fez Georg.
Um tempo depois estávamos
correndo pela casa escura – por um motivo que eu desconhecia, já que imaginava
que não fosse o assunto do sofá -, Georg atrás de mim, e eu tentando me
esconder.
– Red, cadê você? – ele
perguntou, e eu pus a mão na boca, contendo uma risada. Ele achava mesmo que eu
ia dizer onde eu estava? Será que ele teve infância?
Ouvi seus pés se
movimentarem pelo assoalho liso, bem perto de onde eu estava, mas do lado
oposto. Eu tinha me escondido atrás da mesa de jantar. Me senti como uma
garotinha de seis anos, mas eu não estava me importando. Me movimentei
lentamente, enquanto ele se afastava para a sala. Desligou a TV, deixando a
casa no escuro absoluto. Pronto,
agora a porra ficou séria. Pensei, e quase ri da maneira que Georg
estava levando isso a sério.
– Ruby... – ele disse,
digo, sussurrou. Os pelos da minha nuca se eriçaram. Por que, porque meu deus, ele
tem que ser tão sexy, e sem esforço? Pensei, rolando os olhos. Nem
percebi que tinha mexido a cadeira sem querer.
– Achei! – Georg disse,
se agachando do outro lado da mesa, seus orbes brilhando ao captar a pouca luz
da lua, que traspassava pelas janelas. Eu dei um grito curto de susto, sem
conseguir rir. Ele tinha se agachado numa posição parecida a um puma. Georg
sorriu, vindo pelo lado esquerdo. Rapidamente me levantei, e comecei a correr,
meu coração batendo a mil.
– Ah, dessa vez você não
escapa. – ouvi-o falar um pouco mais longe. E sim, ele ainda mantinha aquele
sussurro assustadoramente sensual.
– Nunca vai me pegar! –
eu disse, correndo logo em seguida para o corredor, lado oposto de onde eu
tinha gritado. Como os dois estávamos descalços, era um pouco difícil saber
onde cada um de nós estava.
Mas foi esse recurso que
acabou me deixando entre seus braços.
Depois que eu me recostei
na parede, para respirar – eu estava mais sem fôlego por nervosismo do que por
que estava correndo – fechei os olhos, passando as mãos pelo cabelo. O clima
estava um pouco frio, e eu estava com somente uma blusa regata e um short de
moletom, o que me fazia arrepiar a cada vez que uma brisa entrava.
– Peguei você. – ouvi a
voz gutural de Georg à minha frente, e prendi a respiração, sentindo o coração
dar um salto. Sua respiração quente batia contra minha bochecha, e minha coluna
inteira se arrepiou.
– Meu deus, que susto! –
exclamei baixo, finalmente abrindo os olhos. Encontrei seus olhos verdes
queimando os meus, e seu sorriso malicioso, e o ar foi embora dos meus pulmões.
Ele era lindo demais para ser verdade.
Mas depois eu percebi que
a luz acima de nós estava acesa. Vagamente lembrei que eu estava em cima do
interruptor daquela luz. Puta
merda! Rolei os olhos mentalmente. Os braços de Georg desceram até
a linha da minha cintura, ainda apoiados na parede.
– Então, não vai me
contar? – ele disse, ainda me encarando, e por mais que eu tentasse desviar o
olhar, acabava encontrando suas orbes verdes de novo.
– Contar o que? –
perguntei, completamente desorientada. Ele rolou os olhos, sorrindo de canto. Vai me dizer que ele estava me
perseguindo por culpa daquilo? Ainda?!
– Vai, me diz quem é. Eu
vou morrer de curiosidade se não souber. – ele sussurrou, me olhando de baixo.
Eu quase admiti que era ele, mas mordi a língua.
– Você já não tinha se
designado como tal? Então, Ge. Sai dessa. – eu disse, empurrando-o de leve.
Georg não se moveu um centímetro.
– Eu só estava brincando.
Mas eu preciso saber, pra poder pelo menos te ajudar. – ele disse, e eu quase
me parabenizei por saber esconder um segredo tão bem. Pelo menos aquele.
– Mas que discussão boba,
Georg. Vai, deixa dessa. – eu disse, tentando me manter tão calma quanto eu
achava que estava. A não ser que eu estivesse tão corada quanto tinha certeza
que estava. Essa
proximidade dele não faz bem à minha sanidade. Georg continuou me
encarando, dessa vez seus olhos assumindo uma expressão um pouco decepcionada.
– É Tom, não? Eu já
imaginava. – ele disse, seus braços caindo ao lado do corpo. Me senti como se
tivesse sido atingida por um soco no estômago. Ele franziu o cenho, olhando
para baixo.
– Georg, eu não... – comecei,
mas ele levantou a mão para mim, para que eu me contivesse.
– Ruby, eu sei que ele é
meu melhor amigo, mas eu tenho que te avisar que ele não vai mudar tão cedo,
nem por você nem por ninguém. É uma pessoa inconstante. É horrível eu ter de te
dizer isso, mas você vai sofrer se ficar com ele. – ele disse, um pouco
nervoso. Mordi o lábio, eu não sabia como pará-lo. Mas de alguma forma ele
estava se machucando com isso. Isso
não pode ser ciúme, ele tem sua namorada e...
– E eu sei que você é
cabeça dura, e quem sabe nem leve em consideração o que eu estou falando. Além
do que eu conheço o poder de persuasão de Tom... Mas fica sabendo de uma coisa,
Ruby. – Georg disse, chegando perto de mim, e segurando meu rosto, com o seu a
centímetros. Meu coração estava batendo tão forte que eu imaginava que ele
pudesse ouvir.
– Eu sempre vou estar
aqui por você. Sempre. Ouviu bem? – Georg disse pausadamente, e seus olhos
estavam marejados. Quase entrei em desespero, não conseguia entender os motivos
dele para agir assim. E outra, não conseguia entender os motivos dele imaginar
que eu amava o Tom. Eu mal falava com ele, e Georg sabia disso.
– Cala boca...! – eu
disse, franzindo o cenho, ainda com suas mãos em meu rosto. Senti meus olhos
arderem pelo tempo que fiquei encarando os verdes à minha frente. Georg ficou
atônito, eu imaginava que ele ia falar algo mais, mas ficou parado. Não pensava
que aquela seria minha reação.
– Como você diz uma coisa
dessas para mim? Por que, Georg?! – eu sussurrei, ainda com o cenho franzido.
Ele estava me acusando de ser cabeça dura, e isso era verdade, por mais que eu
odiasse que me dissessem que eu era. Mas como ele conseguia ser tão cego?
– Mas o que? – ele disse,
mas eu interpus o dedo indicador no seu rosto. Eu não ia deixá-lo falar, não
até que eu me acalmasse e me controlasse para não falar uma besteira.
Não que por dentro eu não
rezasse que ele lesse em meus olhos que ele era o único que me importava.
Me afastei de suas mãos,
sentindo logo o frio acometer os músculos do meu rosto. Passei as mãos pelo
cabelo, entrando em desespero.
– Ruby? Como assim...
Então não é o Tom? – ele disse, e eu senti um pequeno alívio por dentro.
Virei-me para ele respirando fundo.
– Não. – respondi, e ele
mordeu o lábio, olhando para o chão, assentindo.
– Então... Quem? –
perguntou, e eu fechei as mãos em punhos. Eu amava aquele garoto, MS estava a
ponto de socá-lo para valer. Fechei os olhos.
– Por que isso interessa
tanto? Não é como se você pudesse fazer muito quanto a isso... – já que a pessoa é você...
Refleti, novamente sentindo os olhos arderem, mas desta vez pelas lágrimas que
se acumulavam em meus olhos.
– Por que me importo com
você. E eu iria sim fazer tudo o que eu pudesse para te ajudar. – ele disse,
chegando mais perto. Balancei a cabeça em negação.
– Não, Ge. Você não pode
fazer nada, você tem seu próprio amor para cuidar. Será que não entende? Não
vai poder me dar o que preciso. – eu disse, abrindo os olhos e sem querer
deixando escapar uma lágrima grossa. Georg só não a viu por que estava com a
cabeça abaixada. Mas se ele não tinha entendido a mensagem, era por que
realmente não estava na mesma frenquencia que eu.
– Eu... De verdade tenho
um amor para cuidar... Mas não quem você está pensando. Não sei se tinha te
dito, mas eu terminei com Danielle. – ele disse. Danielle. Então era esse o nome dela, eu tinha me
esquecido. Engoli em seco, tentando conter mais uma lágrima, em
vão. De que adiantava que ele tivesse terminado com ela, se eu conseguia sentir,
pela sua voz embargada que ele ainda a amava?
– Mesmo assim, Georg. Não
pode fazer nada quanto ao que eu sinto... – por
você. Mordi o lábio, impedindo-me de completar a frase. Mas desta
vez ele estava olhando para meu rosto. Chegou mais perto.
– Talvez eu não possa te
dar o que precisa – repetiu minhas palavras, levantando meu queixo com o dedo
indicador – Mas quem sabe se você me disser quem é, eu possa... – tentou
continuar, mas eu já não agüentava mais. Ele conseguia sim ser a criatura mais
cega desse mundo.
– CALA BOCA! – gritei, e
novamente ele ficou atônito, olhando para o ser desesperado, vermelho e com
marcas de lágrimas pelo rosto que eu era. Eu não era uma das pessoas mais
calminhas dessa terra. Mas dessa vez Georg estava disposto a continuar.
– Cala boca! – eu disse,
assim que algum som se atreveu a sair de sua boca. Sem querer acabei chegando
mais perto do seu rosto, quem sabe ele entenderia.
– Ruby... – tentou, mas
eu soquei seu peito, sem muita força.
– Cala boca! Cala boca.
Cala boca... – eu disse, fechando os olhos. Eu não sabia como esse amor estava
doendo dentro de mim até aquele momento. Além do que, eu estava exausta.
Mas aí Georg pareceu ter
um clique.
Senti a respiração lenta
de Georg chegando perto do meu rosto, seus braços me envolveram, me puxando
mais para perto. Me retraí um pouco, se ele estivesse somente me abraçando eu
sairia daquela casa, já que era impossível para mim que ele fosse tão sem
pista. Por mais que antes fosse bastante útil. Mas agora ele não está mais com a namorada. Então,
nem que seja para me usar, por que eu não posso mostrar o que eu sinto?
Sua respiração estava no
meu nariz.
– Abre os olhos, Ruby. –
sussurrou, e eu inconscientemente obedeci. Fitei seus olhos verdes, e havia
algo de diferente ali. Mas eu não o encarei tempo o suficiente para descobrir o
que, já que seus lábios se juntaram aos meus levemente. Sentir os seus lábios
tão mais quentes - ou talvez os meus estivessem frios – fez minhas pernas
fraquejaram. Será que ele fazia ideia do que estava fazendo comigo?
Quando Georg fez menção
de se distanciar, e em um ato ansioso, segurei sua camisa.
– Não... – implorei,
ainda de olhos fechados. Eu esperava que ele tivesse entendido.
– Não o que, Ruby? –
sussurrou, sua voz falhando um pouco. Abri os olhos devagar, para encontrar um
Georg novamente à beira das lágrimas. Engoli em seco.
– Não seja cego, por
favor. Olha para mim. – tentei manter o olhar firme, sem embaçar. Georg franziu
o cenho.
– Eu não consigo ver mais
além do que quero agora, Red. – ele disse, deslizando o dedão por minha
bochecha, limpando uma lágrima. Eu não sabia por que era tão difícil para mim,
falar as palavras... Mas eu queria tanto que ele entendesse de uma vez...
Talvez eu ainda não estivesse segura do que acabou de acontecer. Na verdade eu não entendo por
que ele fez isso. Será que estou perdendo alguma peça?
– Continue assim. É
exatamente o que quero. – eu disse, ainda fitando-o e apertando sua camisa. Ele
mordeu o lábio. Meu coração acelerou, ele estava demorando muito. Ofeguei, puxando-o
mais para perto. Um brilho passou por seus olhos, e assim que o vi, fechei os
olhos.
Aleluia.
Ficamos muito tempo nos
beijando. Eu não sabia o quanto, mas não importava. Ele tinha entendido. Seus
lábios eram urgentes na maior parte do tempo, como se estivessem tentando se
fundir aos meus, de algum jeito. Suas mãos me seguravam firme, impedindo-me
tanto de me mover quanto de cair. Eu segurava seus cabelos com força, tanto
quanto ele segurava minha nuca, me mantendo sempre perto. Estávamos à beira da insanidade.
Georg se recostou em uma
parede qualquer, suas costas fazendo um triângulo com a parede, me fazendo
ficar entre suas pernas, e com a boca na minha altura. Eu já nem sentia as
minhas pernas.
– Eu te amo. – ele disse,
entre ofegos, quando paramos para respirar. Eu ri, para mim era completamente
sem importância repeti-lo.
– Eu te amo. – eu disse,
mesmo assim. Ele sorriu, colando nossos lábios novamente. Mas desta vez havia
algo diferente. Ele parecia um pouco mais calmo. Deslizou as mãos pelas minhas
costas devagar, parando na base delas. Um arrepio violento veio em seguida, e
eu gemi baixinho em seus lábios. Georg riu, parecendo gostar da minha reação.
Pus minhas mãos por baixo de sua blusa, sentindo a pele macia e ao mesmo tempo,
os músculos definidos. Arranhei-o devagar, no mesmo ritmo que nosso beijo ia, e
ele apertou minha cintura, aprovando o contato. Continuei passando minhas unhas
por seu abdome, fazendo-o suspirar e arrepiar. Quase sorri com suas reações.
Sem aviso, ele me prensou
contra a parede, simplesmente se virando para a direita e apoiando todo seu
peso em mim.
Eu imaginava que ele conseguia ouvir as batidas do meu coração,
tanto quanto eu ouvia as dele. Georg deslizou novamente as mãos, mas agora mais
longe, indo parar no meio das minhas coxas, e eu mordi seu lábio devagar em
resposta. Apertando minhas coxas, ele me ergueu, e automaticamente eu enrolei
minhas pernas no seu quadril. E, com alguma surpresa, consegui sentir o volume
em suas calças, talvez por completo em contato com o meu. Se bem que sem estes
obstáculos, seria bem mais interessante. Minha mente desvairou,
enquanto Georg beijava meu pescoço. Ia deixar umas marcas bem roxas ali, mesmo
que minha pele fosse mais morena que a dele. Mas depois de chupar a pele no
local, passava os lábios levemente, como que se desculpando pelos maus-tratos.
Mesmo assim, essa
brincadeira estava demorando muito para mim. Eu já não era muito paciente, e já
tinha esperado bastante tempo para tê-lo assim. Logo dei conta de sua blusa,
jogando-a em algum canto desconhecido, enquanto ele ria. Mas não demorou muito,
e Georg já tinha tirado a minha também. Vagamente senti um pouco de frio, que
foi embora quando começamos a nos beijar novamente, dessa vez com muito mais
voracidade. Dizer que estávamos nos engolindo era pouco.
De repente Georg começou
a investir em mim, e eu gemi, sem conseguir me conter. Suas mãos passavam sem
controle por cima do meu sutiã, e pela minha barriga, por vezes detendo-se no
botão do meu short. Segurei forte em seus cabelos, como que me agarrando no
último pingo de sanidade que eu tinha. E ele apertava minhas coxas e bunda,
como que disposto a me fazer perdê-la.
De algum modo chegamos no
quarto, e consequentemente na cama. E a primeira coisa que caiu foi meu sutiã,
retirado quase que violentamente. E daí Georg me beijou, segurando meus seios,
enquanto lentamente se movimentava por cima de mim. Respirei fundo, quase
sugando todo o ar do quarto quando ele abocanhou um dos meus seios, rodando a
língua nos mamilos.
– Eu quero você. – Georg
sussurrou perto do meu ouvido, e eu mordi o lábio, sorrindo. Ele não fazia
ideia de como eu queria ter ouvido isso antes. Afundou no meu pescoço,
massageando com a mão esquerda meu seio direito. Cravei as unhas nas suas
costas, sentindo sua língua descer pelo meu ombro até meu outro seio. Mas ele
não se demorou muito lá, seguiu seu caminho, às vezes mordendo. Chegou no cós
do short, arrancando um gemido de meus lábios, ao morder o local, tão sensível
para mim. Levantou o rosto, fitando-me com seus olhos brilhosos de desejo.
Talvez tanto quanto os meus.
– Eu sou sua. – me senti
na obrigação de dizer, respondendo à sua afirmação. Seu sorriso mais lindo se
abriu, enquanto desabotoava meu short, sem desgrudar os olhos de mim. Desceu o
jeans e a calcinha junto, e eu não consegui evitar corar.
Joguei a cabeça para
trás, assim que senti seus dedos separando meus lábios, e logo depois soltei um
gemido longo quando um de seus dedos me penetrou. Colocou mais outro, beijando
minha virilha, enquanto movimentava os dedos para todos os lados possíveis. Eu
me recusava a gozar só com seus dedos, mas estava um pouco difícil.
Ficou mais ainda quando
Georg começou a beijar minha intimidade, e logo a aplicar pequenas lambidas no
local. Os vizinhos deveriam achar que estava acontecendo um assassinato naquela
casa, do jeito que eu gritava. Ele me penetrou com a língua, mas eu logo acabei
gozando. Com algum acanhamento percebi que Georg sorveu todo meu líquido, vindo
depois para me beijar.
– Você é deliciosa. –
disse, antes de me beijar, e eu pude sentir meu gosto misturado com sua saliva.
E eu já não conseguia esperar, eu tinha que prová-lo, dizer o mesmo. Pus minha
mão por cima do volume em sua calça, habilidosamente desabotoando e baixando o
zíper. Georg se levantou para tirar aquela peça tão incômoda, e eu fui junto,
engatinhando até o cós da boxer. Olhando-o de baixo, abaixei devagar a peça,
enquanto Georg mordia o lábio.
– Até você se conteu
direitinho. Será que continua assim? – provoquei, baixando completamente a peça,
e sentindo o falo quente na mão. Ele pulsava, e era maior do que um dia eu
tinha imaginado. Movimentei a mão em toda sua extensão e voltando, imaginando
como ia colocar aquilo na boca. Georg sugou ar quando apoiei os lábios na
cabeça do membro abocanhando somente a ponta em seguida.
–Ahh... – ele sussurrou
baixo, mas ainda não era suficiente para meus ouvidos.
Eu queria que aquela
fosse uma noite tão boa para ele quanto estava sendo para mim. Desisti do
movimento, deslizando a língua pela sua extensão, e finalmente ouvi aquele
gemido contínuo que esperei tanto. Voltei com a língua até a ponta, arrancando
um ofego, continuação do gemido, tirando qualquer resquício de ar em seus
pulmões. Georg investiu, e daí eu percebi que ele estava sofrendo demais. Coloquei
tudo o que pude na boca, cobrindo o resto com a mão, e começando a me
movimentar, enquanto Georg sugava ar.
– Haaah... – ele gemeu,
curvando-se um pouco e segurando minha cabeça, começando a me forçar. Cedi ao
movimento por que estava confortável, e logo entrei no ritmo que ele queria,
tanto eu aproveitando o falo na minha boca.
Não demorou muito, Georg
deu sinais que iria terminar. Seu abdome se contraiu, e ele começou a gemer
cada vez mais alto, e não conseguia evitar investir contra minha boca.
– Ah, Ruby, eu vou
go-o...- começou, mas sua voz se perdeu eu um ofego enquanto ele se desmanchava
em minha boca. Os jatos quentes desceram pela minha garganta, e o que ficou em
seu membro, limpei com a língua. Eu estava satisfeita, e ainda surpresa, já que
ele continuava bastante “em pé”. Georg me levantou, sorrindo de canto, e me
beijou. E pareceu buscar com a língua seu próprio gosto dentro da minha. Logo
senti algo cutucar minha barriga.
Puxei Georg de volta para
a cama, deixando-o entre minhas pernas. Ele sugou meu lábio, enquanto se
encaixava entre minhas coxas, penetrando devagar. Movimentou-se lentamente,
quase me torturando. Me senti alargar um pouco, talvez pelo seu tamanho, mas
foi algo completamente incrível.
– Tão apertada... Já fez
isso antes? – perguntou, e eu assenti, suando frio com a fricção que ele fazia
na minha intimidade.
– Você é que... É Muito
grande. – eu disse, dando-lhe um selinho. Georg riu.
Mas depois ele mesmo
pareceu não aguentar a lentidão, e passou a acelerar os movimentos. Logo estávamos
os dois gemendo, quase sem aguentar.
– Não acredito que...
Perdi tanto tempo... Sem você. – Georg disse, entre uma estocada forte e outra,
e eu mordi o lábio, contendo um gemido alto antes de falar.
– Se eu soubesse... Não
tinha demorado tanto a te contar. – sussurrei, e ele riu, aumentando a força e
velocidade das estocadas. Ele estava batendo no começo do meu útero.
Era estranho conversar
qualquer coisa romântica por enquanto que fazíamos aquilo, mas era verdade o
que nós dizíamos.
Em um momento Georg
deslizava rapidamente dentro de mim, incentivado por mim gemendo seu nome, e no
outro momento parou, estocando fundo, e eu senti seu corpo tremer, logo depois
seguido do meu. Não me lembro de mais nada além de sentir algo quente
escorrendo pelas minhas pernas.
Eu sentia ondas de calor
percorrendo meu corpo. E elas pareciam vir de dentro do meu útero, me
imobilizando com as unhas cravadas nas costas de Georg.
– Ruby... – ele ofegou
meu nome, no meu ouvido. Eu já não sabia mais o que estava sentindo, só fiquei
aproveitando o contado da pele nua de Georg na minha, sentindo seu calor, e até
seu peso sobre mim. Como se fosse parte de mim, como se fosse algo que perdi, e
reencontrei. Me senti completa.
E foi aí que percebi que
eu não podia ter escolhido pessoa melhor para ser minha, e para me ter como
sua.